domingo, 19 de setembro de 2010

Serra e a mídia chantagearam Kassab?

Pode ser coincidência. Desde o início do mês a imprensa tem cogitado a possibilidade de Kassab ir para o PMDB (eu publiquei aqui: Quando o barco afunda… Kassab pode ir para o PMDB). O assunto foi tomando maior espaço na mídia e se confirmando com informações vindas do PMDB nacionala e paulista. Até que Serra começou a negar a hipótese de Kassab sair do DEM (como se fosse sua a decisão). Outro fato curioso foi o Editorial do Estadão de 13 de setembro, intitulado “O Centro esquecido”, criticando Kassab (leia abaixo) por não aplicar 121 milhões de Reais no Centro da Cidade, região abandonada pela atual administração, e onde a Cracolândia vem se notabilizando e o do número de moradores de rua vem crescendo. É estranho que Kassab só agora comece a ser considerado incompetente pelo jornal, justamente nesse momento, pois até hoje, assim como Serra, o Prefeito tem sido blindado pela mídia paulista (vide as enchentes de São Paulo). Também surpreende a atenção dada pelo Editorial, já que o Estadão, com Dilma se confirmando à frente nas pesquisas,  tem reservado suas manchetes para requentar o denuncismo da Veja para Serra se apropriar no horário eleitoral à noite.

Essa história lembra outra edição do mesmo jornal quando publicou o artigo de Mauro Chaves em 28 de fevereiro de 2009 com o título “ Pará, governador” (leia mais aqui). Era uma critica às aspirações políticas de Aécio Neves de competir com Serra pela candidatura à Presidência. O artigo que insistiu em terminar com a frase”“ Pará, governador” pareceu mais uma mensagem cifrada. A insinuação contra Aécio, que segundo Juca Kfouri foi flagrado de humor alterado, batendo na namorada em uma festa, parece ter feito com que o Governador se sentisse ameaçado com a possibilidade de dossiês sobre sua vida e hábitos pessoais. Sabe-se que o jornal Estado de Minas estaria, neste período, em contrapartida, preparando uma “investigação especial” sobre Serra. Um dos seus jornalistas na época, Amaury Ribeiro Jr., promete lançamento em 2011 de um livro, baseado em documentos obtidos de forma lícita, sobre os bastidores das privatizações quando Serra era Ministro. Naquele período sua filha abrira uma empresa em Miami com a irmã de Daniel Dantas, o mesmo que ganhou muito dinheiro na época, pelo suposto favorecimento de tucanos que hoje se dizem vítimas de quebra de sigilo, ocorridas justamente na época da disputa Serra/Aécio. Com apenas 2 anos de existência, o escritório de Verônica Serra em Miami fechou no mesmo ano em que Serra disputou a eleição contra Lula, em 2002.

Essa guerra de dossiês, de disputas partidárias internas, com a possível utilização de jornais como instrumentos de ameaça, nos deixam com a pulga atrás da orelha. Vamos ver o comportamento de Kassab. Talvez ele só espere as eleições. Talvez se sinta ameaçado e volte atrás. Se não voltar, o que deveremos observar é se cessará a blindagem da mídia. Estou curioso!

O Centro esquecido

 

Prefeitura de SP deixa de aplicar R$ 121 mi no Centro

A Prefeitura de São Paulo tem pelo menos R$ 121,2 milhões na gaveta para projetos que poderiam criar habitações populares, oferecer cursos profissionalizantes e fornecer equipamentos de trabalho para moradores de rua. O dinheiro é quase o total de recursos já investidos neste ano pela Secretaria Municipal de Assistência Social, pasta responsável pelo atendimento aos sem-teto. E a maior parte está disponível há sete anos. Enquanto isso, o Centro vive um problema crônico de crescimento do número moradores de rua. Levantamento da Prefeitura aponta que, de 2000 para 2009, o número de sem-teto subiu de 8 mil para 13 mil.

A maior parte do dinheiro para atacar a questão vem de uma linha de crédito internacional contratada em 2003, quando a Prefeitura fez um empréstimo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O restante vem do governo federal, que reservou R$ 6,2 milhões para a fornecer máquinas e locais de trabalho para catadores de material reciclável. A prefeitura argumenta que os programas não estão parados e serão concluídos.

O Programa Procentro recebeu linha de crédito de US$ 100,4 milhões do BID para 137 atividades, segundo prestação de contas disponível nos sites da prefeitura e do banco. Desse total, dez programas estão em andamento no momento. A lista aponta que 57 atividades ainda não tiveram início. O montante ainda disponível é de US$ 65 milhões (R$ 115 milhões). Entre as atividades que não começaram está a execução de obras para transformação de cortiços em habitações de interesse social (HIS), moradias tidas como essenciais para a melhoria do centro - tem recursos previstos em R$ 1,1 milhão. A recuperação de edifícios para o mesmo fim tinha R$ 7,2 milhões reservados. Há também projetos em áreas de infraestrutura urbana, como serviços de melhoria do trânsito e do transporte público.

Outro lado

A prefeitura contesta os dados do próprio site sobre o número de atividades em andamento no programa de revitalização do centro. Diz que seriam 117 atividades, não 137, como diz a página na internet. Mas a nota da Secretaria de Desenvolvimento Urbano não explica o motivo da diferença de números.

O texto diz que parte do dinheiro parado no BID já foi solicitada ao banco internacional - "US$ 66,4 milhões (66,1% do total) foram contratados até 31 de julho, faltando comprometer US$ 33,9 milhões (R$ 58,2 milhões)", afirma a nota. A secretaria informa ainda que o remanejamento de recurso não vai comprometer a execução dos serviços. "A movimentação orçamentária não afetará financeiramente, tampouco a execução das ações programadas, ou seja, a verba permanece inalterada."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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