segunda-feira, 31 de maio de 2010

Educação: Os mitos dos mitos

Vejam a matéria abaixo, publicada no Portal IG, e observem como é tratada a questão salarial dos professores. Apesar de ter aumentado a proporção de professores que trabalham em dois empregos para compor a renda, o número de 23% é considerado baixo pela reportagem. Para a mídia, a necessidade do professor complementar renda é um mito. Na verdade, o que se pretende é tratar como mito que o professor ganha mal, para não justificar greves como a que tivemos em São Paulo e em Minas Gerais. A mídia insiste em desconstruir o movimento sindical como fez com o magistério paulista que tem o 14º menor salário dentre os Estados da Federação. A pesquisa abaixo não observa a dificuldade de se conciliar as jornadas, passar em novos concursos, a tripla ou quádrupla jornada da mulher (91% do total de docentes). Aliás, uma profissão amplamente feminina em uma sociedade machista tem sido um dos grandes obstáculos para a valorização. Ninguém se esquece do emblemático “a professorinha não é mal paga, mas mal casada” de Maluf. Hoje ninguém diz mais uma besteira dessas, mas na prática…

De dez docentes, dois atuam em mais de uma escola

A necessidade de trabalhar em muitos colégios para complementar renda não é realidade da maioria, revela Censo Escolar
Priscilla Borges, iG Brasília | 31/05/2010 08:00
Uma das grandes dificuldades apontadas por educadores de todo o País na carreira é o salário pago à carreira. Não são as raras as afirmações de que, para complementar a renda familiar, os docentes têm de trabalhar em mais de uma escola. Os dados do Censo Escolar revelam que, na verdade, essa é a realidade vivida por 23% deles.
Ainda em 2007, ano em que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), responsável pela coleta dos dados do censo, mudou as metodologias utilizadas para traçar melhor o perfil do professor brasileiro, o mito de que grande parte dos educadores do País tinha de se submeter a essa realidade foi quebrado. À época, 80,9% dos professores trabalhavam em apenas um colégio.
Os números mais recentes do Inep mostram que a quantidade de profissionais que precisam circular entre duas escolas ou mais para dar aulas aumentou. Dos 23% que enfrentam essa rotina, 365.417 trabalham em duas escolas. Outros 62.985 atuam em três. E há mais 18.957 que se dividem entre quatro escolas ou mais.
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Os dados também apontam para a intensidade do trabalho docente. Na educação infantil e nas primeiras séries do ensino fundamental, um único professor é responsável por acompanhar a mesma turma durante todo o turno escolar (exceto em atividades específicas, como educação artística e educação física, por exemplo). Há mais de 750 mil educadores com uma turma de alunos.
No entanto, na pré-escola ou nas séries iniciais do fundamental, há docentes dividindo-se em mais de uma turma. Na pré-escola, 47 mil dos 258 mil professores da etapa trabalham com mais de duas turmas. Nessa fase, há cerca de 19 alunos por turma. Nas primeiras séries do ensino fundamental, 237.464 professores têm mais de duas turmas de alunos e representam um terço dos profissionais que dão aulas nessa fase. Os dados mostram que cada sala de aula nessa etapa possui 25 alunos. As salas ficam mais numerosas nas séries finais do ensino fundamental (29 por turma) e no ensino médio (33).
Perfil
Os dados do Censo Escolar 2009 revelam que a maioria dos professores brasileiros são mulheres, têm até 40 anos de idade e se consideram brancos. As mulheres representam 81,5% dos docentes brasileiros, um total de 1,6 milhões de pessoas. Na educação infantil, os homens são ainda mais raros: 3% dos quase 370 mil educadores.
A cada etapa de ensino, no entanto, eles vão se tornando mais presentes. Nas séries iniciais do ensino fundamental (1º ao 5º ano), 91% do universo docente é de mulheres. Nas séries finais, a presença feminina cai para 73,4%, e, no ensino médio, para 64%.
A declaração de raça não é encarada com naturalidade pelos docentes das escolas brasileiras. Do total de 1.977.978 professores, 750.974 (38%) não declararam cor ou raça. A maioria dos que o fizeram (758.511) se enxerga como branco. Os pretos representam apenas 2,9% dos docentes e os pardos, 18%. Os indígenas são apenas 0,4% do quadro de educadores do País.
Em relação à idade, o censo revela que a maioria (58%) tem até 40 anos. Os muito jovens (até 24 anos), que possuem menos experiência profissional, são a minoria: 116 mil docentes. A faixa etária que concentra o maior número de profissionais está entre 41 e 50 anos. Um estudo do Inep ainda mostra que, na rede privada, a concentração de jovens é maior. Na rede pública, os professores mais velhos dão aulas para as séries mais avançadas da educação básica.
De dez docentes, dois atuam em mais de uma escola - Educação - iG

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